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Cultura dos dados: quais fatores devem ser considerados?

Cultura dos dados: quais fatores devem ser considerados?


Nos últimos anos houve uma grande mudança na forma como as pessoas se movimentam nas grandes cidades. O surgimento e a popularização de aplicativos de carona — como Uber e Cabify, por exemplo — causaram um grande impacto na rotina daqueles que trabalhavam com táxis.

Basicamente, muitas cooperativas e motoristas ao redor do globo não conseguiram competir com os serviços oferecidos por seus concorrentes, que encontraram uma forma inovadora de utilizar dados e inteligência artificial em prol dos seus negócios.

Com o apoio da tecnologia e uma estruturada cultura de dados, essas empresas desenvolveram meios de conhecer melhor as preferências e os hábitos tanto de seus consumidores como os dos motoristas, criando uma série de diferenciais para agradá-los, manter a qualidade e elevar a eficiência.

Nesse contexto, a tendência que já se observa há alguns anos é que um número cada vez mais expressivo de empresas — independentemente de seu porte ou segmento — tem implementado a cultura de análise de dados como uma ferramenta de estratégia de negócios.

A cultura de dados permite que gestores e equipes explorem informações a fundo acerca de tendências do mercado e comportamento dos clientes para obter insights e novas ideias, buscando meios de se antecipar em relação à concorrência.

Em um mercado altamente competitivo, essa prática pode ser um grande divisor de águas e determinar o sucesso de uma empresa. Portanto, para que você saiba superar desafios, continue a leitura do nosso artigo e entenda mais sobre como implantar uma cultura de dados na sua empresa e usar esse grande recurso a seu favor!

1. Conceito de cultura de dados

Intuição afiada e tino para os negócios são habilidades de gestão geralmente reconhecidas e elogiadas, porém se tratam de características intangíveis. Ou seja, ideias que são geradas a partir das percepções ou do faro de um executivo não são necessariamente baseadas em informações concretas ou comprovadas.

Por mais que essa prática tenha dado certo para muitas organizações ao longo dos anos, as empresas atualmente perceberam o grande potencial do uso dos dados para a tomada de decisões, de forma que os líderes e gestores não precisam mais ter que contar somente com o próprio instinto.

Afinal, um grande desafio para executivos é ter que tomar decisões críticas para o futuro da empresa baseadas em informações imprecisas ou incompletas.

Ademais, muitas organizações possuem dados compartimentados em seus diversos departamentos, o que limita um acesso mais multidisciplinar dos conhecimentos e das fontes, além de dificultar uma análise ampla e global do negócio.

Nesse cenário, uma empresa que estimula uma cultura de dados é aquela em que todos os colaboradores podem usar dados para tomar melhores decisões, e têm acesso às informações que precisam em qualquer momento.

Cultivar uma cultura baseada em informação não se restringe apenas a gerar relatórios semanais, mas significa compreender o conceito dos dados — o Big Data — de uma forma mais abrangente, baseada nos 3 grandes Vs, que são Volume, Velocidade e Variedade. Entenda:

  • volume: relativo à grande quantidade de dados que uma empresa possui, tanto interna quanto externamente;
  • velocidade: se refere à rapidez com que os dados são gerados — uma vez que, a cada segundo, novos dados são criados na internet;
  • variedade: dados relevantes podem vir de diversas formas, como um post em um blog, um vídeo ou áudio, por exemplo.

Com base nesses três pilares, empresas conseguem analisar basicamente tudo o que está em domínio público. Dessa maneira, o surgimento da cultura de dados tem um impacto na maneira como as empresas se organizam.

Afinal, a complexidade e a velocidade dos dados estimulam empresas a unir esforços em todos os seus setores a fim de conseguir aproveitar ao máximo as informações e processar uma quantidade intensa de conhecimentos que não aparecem de forma estruturada. O objetivo final é extrair insights que possam contribuir para o direcionamento do negócio.

O potencial do Big data e suas vantagens

A quantidade de dados que é gerada diariamente em uma escala global é inacreditável — e esse número não para de crescer. Isso indica que existe muito potencial e espaço para que empresas extraiam boas ideias por meio da análise dessas informações.

Contudo, um percentual muito pequeno desses dados é de fato processado dentro das empresas. Quer ver quais são os reais benefícios que a análise de dados pode gerar para um negócio e como utilizar melhor esse fluxo de informações? Conheça as principais vantagens dessa prática:

1. Identificação de padrões precisos

A análise de dados possibilita a identificação de um público de forma muito específica, determinando conhecimentos como localização geográfica, hábitos de consumo, idade e outros aspectos.

Assim, uma empresa pode usar essas informações para entregar produtos e serviços personalizados e segmentados, com foco em seu público-alvo. Dessa maneira, a instituição eleva suas chances de aumentar conversões em vez de investir em ofertas mais genéricas que não são eficientes para atingir um consumidor exigente.

2. Estudo da concorrência

Assim como é possível entender os hábitos de um público, a análise de dados aponta os movimentos e as tendências das empresas competidoras. Desse jeito, é possível elaborar estratégias mais eficientes do que aquelas praticadas pela concorrência e surpreender os clientes.

3. Destaque no mercado

Quanto mais uma empresa consegue processar dados, mais ela consegue ter clareza e entender sobre seu posicionamento no mercado. Então, ela pode ir além do óbvio, expandir seus horizontes e trabalhar para entregar resultados que vão além das expectativas. Assim, a instituição pode galgar um espaço de destaque no mercado, diferenciando-se.

4. Respostas mais rápidas às mudanças

Empresas que investem em análise de dados ganham uma vantagem: elas conseguem prever tendências, minimizar riscos e responder de forma ágil às mudanças do mercado.

O mercado atualmente é global, dinâmico e muito competitivo. Portanto, agilidade e eficiência são fatores cruciais para a sobrevivência das empresas. A coleta e o processamento de dados é uma prática estratégica que contribui muito para que um negócio tenha maior capacidade de adaptação diante das transformações no cenário.

5. Melhores resultados

A análise de dados gera um diagnóstico completo da real situação de uma empresa, permitindo que gestores investiguem a fundo o potencial e também os pontos fracos de um negócio.

Dessa maneira, problemas como falhas, desperdícios e outros desafios que possam limitar a lucratividade da empresa podem ser resolvidos de forma mais assertiva. Consequentemente, a gestão pode buscar novas estratégias e caminhos para elevar resultados e ganhos.

2. O que deve ser considerado

Atualmente, a utilização do Big Data está em praticamente todos os segmentos — como saúde, educação, varejo, bancos, governo, entre outros. A aplicação de suas técnicas é diferente em cada cenário.

Independentemente do segmento, as organizações devem estar preparadas para mudar e abraçar a cultura de dados e garantir que os dados não estão apenas nas mãos do departamento de TI ou dos grandes gestores.

Os conhecimentos gerados pelo Business Intelligence devem estar acessíveis para todos os que estão à frente das tomadas de decisão para assegurar que a empresa esteja com as equipes alinhadas.

Otimizar o conhecimento é crucial para que uma empresa não tenha diversas planilhas e relatórios inconsistentes contendo diferentes versões da verdade. Assim, quando a instituição estiver preparada para realizar essa mudança, ela precisará de três componentes:

  • repositórios de armazenamento de dados de alta capacidade;
  • bancos de dados capazes de conectar as fontes de informação;
  • aplicações de Big Data utilizadas para realizar análises, relatórios, compartilhar informações por meio de dashboards, entre outras funções que darão sentido aos dados.

À medida que o volume, a velocidade e a variedade de dados aumentam, a organização tem que trabalhar para tirar o máximo desse fluxo. Além disso, os recursos não devem se limitar a um departamento, mas devem estar disponíveis para todos os setores, que podem se beneficiar com os conhecimentos adquiridos.

Com uma base tecnológica bem definida e com as ferramentas necessárias para coletar, processar e visualizar informações a empresa estará no caminho para cultivar uma cultura de dados. Contudo, o trabalho não termina por aqui. Entenda os próximos passos que a organização deve dar!

2.1. Pense nas perguntas certas antes de começar

Uma análise de dados bem-feita não deve ser conduzida aleatoriamente. Deve existir um objetivo a ser alcançado e todo o empenho da equipe de mineração de dados deve estar voltado para esse fim. Nesse tom, digamos que há sempre uma pergunta a ser respondida por essa análise.

É importante que as perguntas elaboradas sejam claras, concisas e, principalmente, mensuráveis. Elas podem abranger problemas ou oportunidades que a empresa deseja encontrar. Confira alguns exemplos de bons questionamentos que podem ser feitos para os dados:

  • ao encontrar dados com um padrão que destoa dos outros, pergunte-se: “por que esse dado é tão discrepante? Que desvio ou desequilíbrio causa esse comportamento?”;
  • ao contrário, quando encontrar padrões de repetição, reflita: “existe uma sequência que governa esses dados? Se sim, como ela se organiza?”.

2.2. Defina prioridades

Esse ponto é crucial para que a fase de coleta e análise de dados gere resultados relevantes. Além disso, as prioridades definidas nortearão a escolha das métricas utilizadas para explorar as informações posteriormente.

2.3. Invista em um time qualificado

A adoção de ferramentas tecnológicas avançadas para a análise de dados, de sistemas e softwares que permitem uma análise avançada e completa de dados empresariais é imprescindível para o sucesso desse processo.

Todavia, a tecnologia não substitui as habilidades humanas para manipular, compreender informações e aplicar esses conhecimentos. Sendo assim, as empresas precisam desenvolver um time qualificado para investigar e mensurar dados.

Dessa forma, a empresa precisa contar com analistas de dados experientes e especializados, além de pessoas habilidosas que saibam comunicar resultados e transformá-los em ações.

Afinal, possuir um conhecimento e não saber como transmiti-lo para os demais colaboradores faz com que todo esse esforço da análise de dados seja inútil. Portanto, é importante saber identificar os talentos certos e treiná-los para que eles possam ajudar a empresa nesse novo direcionamento.

2.4. Estimule uma cultura colaborativa

Em uma empresa na qual a cultura de dados impera, todos são analistas de informações. Dessa forma, o acesso aos dados e às ferramentas de análise deve ser transparente e intuitivo, de forma que todos consigam extrair bons insights deles.

A implementação bem-sucedida de uma cultura de dados só acontece quando todos os colaboradores estão envolvidos e falando a mesma língua.

Em suma, ter uma cultura de dados significa que todos os colaboradores — não somente os analistas ou gestores — entendem os dados que estão sendo coletados, sabem onde encontrá-los e como utilizá-los para melhorar e otimizar seu trabalho.

Da mesma forma, uma equipe não precisa somente saber como usar os dados, mas deve sentir-se motivada e encorajada a fazer do levantamento de informações parte de seu trabalho.

3. Mitos e verdades

O Big Data, a análise de dados e o Business Intelligence ganharam a atenção no mercado e, assim, diversas organizações estão interessadas em implementar suas soluções para aprimorar resultados. Contudo, é natural que algumas informações de caráter duvidoso sejam disseminadas, distorcendo os fatos sobre análise de dados.

Assim, para que você fique bem informado e conheça melhor esse assunto, veja 4 mitos e verdades sobre a aplicação da análise de dados nos negócios:

3.1. O Big Data é um novo conceito

Atualmente, é possível coletar e processar grandes volumes de dados em alta velocidade. Contudo, o conceito de cruzamento de informações é bem antigo e foi utilizado por astrônomos, como o alemão Johannes Kepler, no século XVII, para entender as leis que regiam os movimentos planetários.

Assim, é possível dizer que o que é feito hoje é uma versão mais poderosa e objetiva de uma prática de estudos estatísticos que vem sendo usada e desenvolvida há séculos.

3.2. Apenas empresas grandes possuem recursos para investir na análise de dados

Existe um grande mito de que é preciso investir milhões em tecnologia de ponta e contratar os cientistas de dados mais cotados do mercado para beneficiar-se com a análise de informações. Diversas instituições — de diversos portes — recorrem à terceirização da gestão de dados como forma de delegar essa tarefa a quem realmente entende do assunto.

Essa opção costuma sair mais em conta para pequenas e médias empresas, que conseguem extrair benefícios e melhorar seus resultados da mesma forma. Ademais, com os avanços das tecnologias de gestão de dados e armazenamento na nuvem, as soluções de análise de dados têm se tornado mais acessíveis e aplicáveis em empresas de todos os portes.

3.3. O Big Data consegue prever o futuro

De fato, a análise de dados pode fornecer uma quantidade expressiva de números que ajudam empresas a interpretar o futuro. Todavia, esses números são baseados no passado e sua leitura vai depender muito das métricas, metas e questões que foram levantadas previamente, no momento em que a seleção de dados foi realizada.

Assim, o Big Data pode não ser 100% preciso ou pode não te dizer tudo, uma vez que grande parte do sucesso dessa ferramenta depende de um trabalho no qual as perguntas e as informações certas foram levantadas.

3.4. Quanto mais dados, melhor para a empresa

Muito melhor do que apenas coletar e armazenar é saber qualificar o que se acumula. Guardar muitos registros que não apresentam grande valor agregado para gerar boas ideias vai apenas lotar os servidores de dados.

Caso a empresa não tenha uma compreensão precisa do tipo de data necessária para análise e não sabe por onde começar, é mais viável começar em uma escala menor.

O ideal é investir em uma melhor capacidade de processamento e elaborar um processo consistente para a coleta de dados, sempre tendo em mente as metas do negócio. Afinal, quantidade nem sempre significa qualidade.

4. Cases de sucesso e a evolução do Big Data

A otimização das ferramentas de captação e análise de dados fez com que o Big Data se tornasse uma solução acessível e eficiente, de modo que várias empresas estão priorizando a implementação de uma cultura de análises preditivas — o uso de dados, algoritmos e técnicas capazes de identificar a probabilidade de resultados futuros com base em um histórico — e mineração de dados.

Entretanto, isso não é novidade para várias instituições que tem usado, ao longo dos anos, a análise de dados a seu favor. O número expressivo de grandes cases de sucesso e a evolução constante do Big Data provam que é possível aperfeiçoar cada vez mais o uso de informações.

Confira alguns exemplos desses cases de sucesso e veja como o Big Data funciona na prática:

4.1. Walmart

A grande rede de varejo norte-americana coleta uma quantidade inconcebível de dados por hora, por meio das transações realizadas por seus clientes. Esse acompanhamento constante das informações permite que os níveis do estoque sejam monitorados com precisão.

Além disso, é possível prever tendências de consumo, sazonalidade e crescimento nas vendas de alguns produtos, otimizando todos os processos no fluxo de trabalho dessa rede. Ademais, a rede criou o Walmart Labs, um conjunto de ferramentas capaz de interagir e capturar particularidades do seu público.

4.2. Starbucks

A famosa cafeteria norte-americana, que possui milhares de lojas ao redor do globo, usa a análise de dados justamente para aprimorar o processo de abertura de suas unidades, otimizando a conexão entre a marca e o seu público-alvo.

Para isso, a empresa usa ferramentas poderosas de análise geográfica para traçar melhores planos de mercado e elaborar estratégias que serão aplicadas em suas novas lojas. Ela faz tudo isso levando em conta os comportamentos e as demandas específicas de cada região pesquisada.

4.3. Amazon

O gigante e-commerce norte-americano é um excelente exemplo do uso de algoritmos para identificar tendências e analisar os hábitos de consumo de seus consumidores. Extremamente inovadora, a empresa pretende, em alguns anos, adotar um sistema de entrega de produtos no qual a pessoa nem mesmo precisa realizar o pedido pela mercadoria.

Essa “compra” será realizada com base na análise preditiva. Ou seja, de acordo com o histórico de compras e padrão de consumo, o sistema identificará com precisão quais produtos a pessoa necessitará e em que momento.

Veja um exemplo prático: se uma pessoa costuma comprar seu shampoo favorito na Amazon com certa frequência, os algoritmos calcularão exatamente quando esse produto estará próximo de acabar e enviará uma nova remessa dele para a casa do cliente sem que ele precise fazer o menor esforço.

4.4. Nissan

A multinacional fabricante de automóveis japonesa usa a análise de dados para compreender tanto seu público interno como o externo por meio de informações capturadas em suas redes sociais, realizando um trabalho muito eficiente de Social Big Data.

A empresa também usa dados a seu favor para otimizar a gestão da cadeia de suprimentos, observando cada etapa do ciclo de produção dos veículos. Informações levantadas ao longo desse processo são utilizadas para aperfeiçoar a qualidade e a assertividade dos produtos finais.

Além disso, a Nissan tem usado as reclamações dos clientes como ferramenta de análise. Com base nos padrões e nas repetições dos acontecimentos que levam um cliente a reclamar ou ter que fazer reparos em seus veículos, a empresa busca formas de se antecipar às demandas, melhorando a experiência de compra e a satisfação de seu público.

5. Análise de dados

Já vimos, ao longo deste artigo, como a análise de dados permite identificar, articular e auxiliar nas mudanças e definir soluções dentro das organizações, agregando valores relevantes às estratégias de gestão de um negócio, certo? Sabemos que esse recurso permite:

  • visualizar novas oportunidades de mercado e negócios;
  • ter um conhecimento mais amplo e completo sobre a organização — pontos fortes e fracos;
  • oferecer um melhor atendimento ao cliente e até saber como superar suas expectativas;
  • ganhar uma vantagem competitiva no mercado;
  • elaborar estratégias mais alinhadas em relação às metas da empresa;
  • melhorar a performance como um todo e otimizar custos.

Utilizando a informação

Um sistema de coleta de dados bem estruturado — que conta com as perguntas certas, tem objetivos claros e usa métricas e ferramentas adequadas — é um grande diferencial. Porém, ele perde seu valor se não é utilizado corretamente ao longo do tempo.

Depois de coletar, processar dados e apresentar os resultados, é preciso revisitá-los constantemente para buscar novos insights, respostas e para fazer novas perguntas.

O conhecimento dos dados não modifica a realidade de uma empresa, mas o modo como essas informações são utilizadas para implementar mudanças, gerenciar novas soluções e traçar objetivos cada vez mais ambiciosos — que levem à conquista de melhores resultados.

Em tempos de mudanças, crises e desafios, transformar conhecimentos em dados mensuráveis que apontem tendências e oportunidades de melhoria é uma estratégia inteligente — e praticamente obrigatória para a alta performance de um negócio.

A análise de dados e a implementação de uma cultura voltada para o processamento de informações são recursos capazes de mudar o rumo das organizações, permitindo o aumento da produtividade e da eficiência de um empreendimento.

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